Julio e Jader querem deixar os perrengues para trás e saborear o gostinho do sucesso na música sertaneja. A dupla, que se formou há cinco anos em Rondônia e encarou uma verdadeira aventura até chegar a São Paulo, vê aos poucos o número de shows aumentar e já gravou sua nova música de trabalho, “Meu Ponto Fraco” no estúdio Head Media – o mesmo de nomes como Anitta e Projota.
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Divulgando também o CD “Caí na Blitz”, eles explicam seu som. “A gente veio ouvindo desde criança a viola caipira, na roça. Isso acabou fazendo a gente gostar, e o mercado é carente da música caipira”, diz Julio, garantindo que o repertório, no entanto, não se prende ao sertanejo raiz. ” A gente compõe e procura músicas que a gente se identifica mesmo, momentos reais na vida das pessoas”.
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Jader nasceu em Rondônia e Julio no Espírito Santo, mudando-se para o mesmo Estado da Região Norte com menos de um ano. Ele cantava na banda Os Garotos da Viola até que procurou um parceiro e surgiu a dupla. “Rondônia não tem tradição musical nenhuma, é a cultura dos outros Estados, muita migração. O pessoal gosta mais de forró, mas o sertanejo predomina muito. É o que a gente escolheu para gostar, o sertanejo raiz e contemporâneo”, explica Jader.
Sustos na estrada
A vinda da região Norte para o Sudeste do país teve surpresas desagradáveis. “Fizemos uma música e saímos loucos atrás de show no Mato Grosso, no Pará… Um senhor disse que ia fazer nosso CD, que ia bancar e, quando chegamos em Goiânia, ele sumiu. Tínhamos três peças de roupa cada um, a viola e o carro”, recorda Julio.
” Ele deu R$ 600 para a gente iniciar a viagem e um tanque cheio. A gente tem um projeto, de repente o cara some, não atende mais? Imagina não ter dinheiro e ninguém fala mais com você? Não tinha como ficar em Goiânia, o mais lógico seria ir pra casa. Mas ia voltar com uma mão na frente, outra atrás e dizer que deu errado para todo mundo?”, questiona Jader.
Julio resolveu ir mais longe. “Ligamos para um amigo de São Paulo, ele disse ‘vem para minha casa. Largamos tudo e fomos”. Mas eles acharam que não conseguiriam chegar. “O dinheiro foi acabando, quando a gente chegou no Rodoanel, perto da [rodovia] Raposo Tavares, só tinha R$ 1,50, que foi o dinheiro do pedágio”, recorda Jader.
A ousadia deu certo. “Começaram a surgir convites, fomos ficando”, comemora Julio. “É grandioso. A forma como saímos, tudo que deixamos para trás, a gente nota crescimento fluindo todo dia. Olhar para trás faz parte do nosso futuro, nos incentivou a estar aqui hoje”, analisa. “Se parasse hoje eu estaria super satisfeito”, afirma Jader.
(Imagens: Fernanda Souza Lopes e Dércio Geraldo/Divulgação)
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