Imagine sair de sua zona de conforto, os palcos, e encarar seu primeiro desafio na televisão com um papel enigmático e chave do principal mistério de uma série? Foi o que aconteceu com Artur Volpi: o ator, de 26 anos, vive Marcelo, o filho da professora Lúcia (Débora Bloch), cujo passado, revelado aos poucos ao longo dos 11 episódios, é o segredo mais bem guardado de “Segunda Chamada“, que termina nesta terça-feira (17).

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Ele entrou no curso de teatro ainda na infância e, 14 anos, encarou o musical “Peter Pan – Todos Podemos Voar“, dando viva a João Darling. Formado em Administração, decidiu deixar de vez o escritório com o sucesso de “Godspell – Em Busca do Amor” (2016) , encarando horas de ensaio, aulas de canto e novos aprendizados.

A dedicação lhe rendeu papéis em “Os Romântickos”, “Chiquita Bacana no Reino das Bananas”, o musical “Fala Sério, Gente!” de Thalita Rebouças, e a peça multimídia “Os 3 Mundos”. Artur chamou a atenção dos produtores de elenco da Globo, que o convidaram para um teste na série, que já ganhou o prêmio APCA deste ano.

Tive o privilégio de iniciar minha carreira na TV com uma equipe extremamente competente e generosa. Cada cena me trouxe uma experiência e aprendi demais com todos que conheci, especialmente os atores, que me deram dicas valiosas de entendimento do texto, intenções e até mesmo da própria dinâmica do set”, comemora.

“Quando não estávamos contracenando eu os observava demais, precisei tomar cuidado para a admiração que já sentia não invadir a cena e a personagem. Minha primeira cena com a Débora, por exemplo, foi linda, os dois se olhavam no completo silêncio. Sem dúvidas, ali tinha um pouco do Artur olhando impressionado para aquela mulher incrível. Foi uma aula atrás da outra”, vibra, sem esconder a importância da vivência nos palcos.

“O teatro me deu, no mínimo, confiança pra participar disso tudo. O exercício da imaginação, de se colocar na situação da personagem é parecido. Acho que ainda vou descobrir melhor as diferenças e intersecções entre os dois formatos, mas preciso de mais tempo pra entender melhor essa relação”, analisa. 

Nesta entrevista exclusiva ao TV Ilimitada, Artur fala dessa primeira experiência na TV, explica (sem spoilers!) um pouco de Marcelo, comenta os desafios que encarou na adaptação às câmeras e seus planos para o futuro:

TV Ilimitada: Você já tinha vontade de fazer algo na televisão?
Artur Volpi: Sim, sempre tive vontade de experimentar o território do audiovisual. Até então só tinha tido experiência no palco, mas a curiosidade pela televisão já existia.

Como Marcelo, o ator gravou com nomes como Débora Bloch (Foto: Maurício Fidalgo/Globo)

As gravações seguiram uma ordem cronológica da vida do Marcelo ou foram aleatórias como aparecem na história?  
Gravamos de diversas formas, inclusive, foi um dos desafios que me deparei, gravar a continuidade de uma cena que ainda não havia sido feita. No teatro também temos por hábito ensaiar cenas que não necessariamente estão na ordem em que a história será contada, e embora sinta que na TV as coisas são diferentes, penso que tudo é uma questão de experiência e prática, com o tempo se torna comum.

Que dificuldades encontrou para se adaptar às câmeras/estúdio?
Mesmo todos tendo me recebido muito bem eu levei um tempo pra me adaptar ao ambiente do set, é uma estrutura muito grande que demanda uma equipe enorme. Demorei um tempo pra me sentir à vontade com as câmeras, mas ao longo das gravações, fui conseguindo me soltar mais. Acho que só acumulando experiências pra gente conseguir ir se sentindo mais ‘em casa’.

Quem era o Marcelo?
“Como todo bom adolescente, Marcelo está num processo de descobrimento e criação da sua própria identidade, do que ele acredita, pelo que está disposto a lutar, de que forma se posicionar diante dos seus pais, amigos e da sociedade. É um menino extremamente sensível e corajoso, daquele que age com o coração. A inocência da criança que ele está deixando para trás se mistura a uma maturidade de conseguir se mostrar vulnerável, se apaixonar, de ser quem ele quiser”.

Artur Volpi tem longa carreira no teatro (Foto: Rayssa Zago)

Marcelo se envolve com o professor (Caio Blat), e sua morte é cercada de mistérios. Foi difícil manter segredo sobre ele? O que pode dizer sobre ele antes do episódio final que assistiremos nesta terça?
Eu confesso que para a família e os amigos mais próximos eu não consegui segurar a empolgação. Eles já sabiam algumas coisas da história do Marcelo antes de eu começar a gravar. Mas no geral, é divertido guardar o segredo e ir acompanhando as reações do público, vendo as opiniões mudarem a cada episódio. Acho que nessa terça, finalmente vamos poder ter certeza de quem foi esse menino, entendê-lo melhor e lamentar a tragédia que ele viveu.

Fazer personagem enigmático para a trama foi um desafio?
Foi desafiador, porque justamente pelo suspense ao redor da história do Marcelo, a maioria das cenas que aparecem são de momentos importantes e intensos na trajetória dele. Como ator, isso exigia uma descarga de energia muito grande durante as gravações. Pra além disso, acho que a própria estrutura da série ajudou a conferir esse ar enigmático dele.

‘Segunda Chamada’ é uma das séries mais aclamadas pela crítica e pelo público em 2019. Quando você leu o roteiro, tinha ideia da repercussão que teria?
Sim, nossas autoras (Carla Faour e Julia Spadaccini) têm um mérito enorme no sucesso que a série tem feito. Além de ter me deparado com um roteiro super bem escrito, ele trazia um tema que o público ainda não tinha acompanhado na TV, do ensino noturno. A partir do universo escolar, elas conseguiram abordar questões sociais extremamente relevantes e discuti-las de forma pertinente e, ao mesmo tempo, natural. É tudo muito real, nada diferente do que tá acontecendo no nosso país. Já dava pra imaginar que o público criaria interesse e uma identificação com a série.

Tem vontade de fazer novelas?
Tenho bastante vontade de fazer novelas também! Principalmente, pela rotina intensiva de gravações, acho que me ajudaria a me sentir mais à vontade na frente das câmeras. Toda nova experiência é válida e vai me trazer novos aprendizados.

Novidades nos palcos em 2020?
Por enquanto, tenho projeto pessoais que estou tentando fazer acontecer, junto ao meu grupo de teatro, de forma independente. Vamos ver…