Com uma carreira para lá de consolidada no teatro, incluindo musicais de sucesso como “A Ópera do Malandro”, “Les Misérables”, “Alô Dolly!” e “O Homem de La Mancha”, Ivan Parente tem alçado outros voos e conquistado seu espaço. Aos 46 anos, o ator está no ar como Lindomar na novela “As Aventuras de Poliana”, no SBT, emprestou a voz para Timão na versão live-action de “O Rei Leão”, sucesso nos cinemas, e logo poderá ser visto na versão teatral de “Madagascar”, que estreia em outubro no Theatro NET SP.

Apaixonado pelos palcos desde os 13 anos, ele tentou ficar longe das artes sendo bancário e fazendo faculdade de Publicidade e Propaganda, mas logo se viu dividido entre esses afazeres e a paixão por cantar e atuar, o que fez seu chefe aconselha-lo a viver de arte.

Ivan em cena do musical ‘Les Misérables’, em 2017

Ivan não pensou duas vezes e conquistou seu espaço na cena teatral brasileira. Foram dezenas de peças infantis e adultas até que, na segunda montagem de ‘Les Misérables’, em 2017, conquistou o título de Melhor Ator Coadjuvante nos principais prêmios do gênero e chamou a atenção do SBT.

Em entrevista exclusiva ao TV Ilimitada, Ivan comemora a boa fase, diz como se adaptou a cada formato diferente que vem fazendo nesses dois últimos anos e confessa que espera outros convites para papéis na televisão:

TV IlimitadaSua trajetória se confunde com o crescimento do teatro musical no Brasil. Ao olhar para a carreira, como enxerga a evolução do gênero e quais os principais desafios para que os musicais se mantenham e cresçam ainda mais?

Ivan Parente – Sim! Minha carreira teve destaque graças aos musicais. Lembro que, quando começamos, era difícil até achar lugar pra alugar microfone sem fio, aqueles tipo ‘Madonna’. Hoje em dia há centenas de empresas que vivem desse tipo de aluguel. Acho que o cenário dos musicais no Brasil mexeu em vários setores do mercado e formou profissionais tanto da área técnica quanto na área artística, nunca imaginado aqui. Famílias são alimentadas através da indústria de musical no Brasil. Enquanto as pessoas, as empresas e o governo não entenderem que a arte e a cultura são a base de qualquer país, vamos continuar a perder nossa memória e o que é realmente importante deixará de ser contado. Acho que as pessoas precisam começar a ver quem são os verdadeiros vilões. 

Algum musical que gostaria de ter feito?

Ah eu amaria ter feito ‘Priscilla, a Rainha do Deserto’. Eu me diverti tanto assistindo! Dava vontade de estar no palco com todos eles. Na época estava em uma cia de teatro que viajava pelo Brasil e não pude nem me inscrever para o teste. Acho o espetáculo potente, colorido. Aborda homofobia, famílias, amizade, amor, e nos faz sair cantando do teatro. Quem sabe na próxima vez?!

Com tantos trabalhos no currículo, é mais difícil fazer peças para o público infantil ou adulto?

Fazer qualquer conteúdo pra criança é mais difícil. Creio que se comunicar com alguém que ainda está em formação, formando opiniões, e que vai ver uma história no teatro ou na TV, é de máxima responsabilidade. Precisamos pensar no conteúdo que ela vai ver, educar nossas crianças e buscar formar seres humanos ainda melhores. 

Como chamou a atenção do SBT para “As Aventuras de Poliana”?

Eu estava em cartaz com a peça ‘Les Misérables’ no Teatro Renault, em 2017, e a produtora Liliane Giorgio me viu e chamou para um teste. Minha personagem, o Sr. Thénardier, era cômica no espetáculo e eles estavam precisando de um ator com as minhas características. Fui fazer o teste e por sorte minha réplica foi a atriz Letícia Tomazella, que faz a minha esposa na novela. Passamos no teste juntos naquele dia e soubemos disso depois de alguns meses, pelo Ariel Mosh e a Márcia Ítalo, lá do SBT. 

Na pele de Lindomar na novela “As Aventuras de Poliana”, seu primeiro trabalho na TV

Qual a principal dificuldade que encontrou, após décadas de teatro, para se adaptar à linguagem da TV? E o que trouxe do teatro para o Lindomar?

A maior dificuldade sempre é diminuir a interpretação em termos mais físicos. Eu me mexia muito, mas aos poucos fui entendendo que diminuir não é interpretar menos. Estou me adaptando ainda, mas eu amei a linguagem. Do teatro eu acho que trouxe essa forma de construir uma personagem toda desenhada, mas que seja real e soe natural.O Lindomar tem tiques e mexe com as mãos das formas mais hilárias possíveis, mas consegui fazer com que não ficasse exagerado. Eu amo coreografar a personagem.

Antes de ‘Poliana’, tinha vontade de fazer TV ou tinha preconceito?

Nunca tive vontade de fazer TV, mas acho que porque, de alguma forma, o Musical sempre falou mais alto no meu coração. Sempre acabava deixando de fazer testes de TV, mesmo de comerciais, por causa disso. Cresci com o Teatro Musical, são 21 anos emendando um trabalho no outro. Pra mim ele é tudo. Nunca tive preconceito, mas sempre achei uma linguagem muito diferente do palco. Acho que era mais medo de começar do zero do que a linguagem em si. Comecei a olhar para a minha carreira e percebi que eu não poderia deixar de experimentar a TV. Sair da zona de conforto às vezes nos faz ver novas possibilidades. E foi o que aconteceu, estou adorando!

Sonha com outros papéis na televisão?

Com Certeza! Quero ter mais oportunidades e poder viver um vilão ou alguém sério. Pode me chamar! (risos)

A dublagem também é uma área que está em expansão na sua carreira. Esperava se emocionar tanto dublando o Timão de ‘O Rei Leão’? Pretende emprestar a voz a outros filmes e animações?

Sim! Venho dublando bastante nos últimos anos. Minha primeira dublagem foi o Lumière no live-action de ‘A Bela e a Fera’, depois me chamaram para dublar o ‘Demi’, uma personagem fixa no desenho ‘Vampirina’. Comecei a emprestar minha voz também para alguns jogos agora.

O Timão foi um presente, desde o teste eu fiquei emocionado. No dia da gravação eu parava no meio e dizia para o diretor musical, Nandu Valverde: ‘É Hakuna Matataaaaa!’, desacreditado (risos). Eu morria de felicidade cantando e quando ele tocava o take, eu chorava. Foi engraçado. Quero muito continuar dublando.

Como está a preparação para Madagascar?

Ainda não começamos a ensaiar, mas já estou me preparando fisicamente para aguentar o tranco de fazer o girafa Melman, em ‘Madagascar – Uma Aventura Musical’. Vou à academia de 3 a 4 vezes por semana para fortalecer bem a minha lombar e estou fazendo bastante cardio. Estou alongando bastante, voltando a cantar, até mesmo por conta dessa nova fase do Lindomar na novela, como cantor, e acredito que quando os ensaios começarem, vou me adaptar rapidinho ao ritmo do musical. Dois anos fazendo novelas faz a gente enferrujar um pouco o corpo, mas sei que vai dar tudo certo. Estou ansioso e animado”.

(Imagens: Osmar Lucas e Marcos Mesquita/Divulgação; Carolina Lima/Disney e Lourival Ribeiro/SBT)