Angélica precisa repensar sua carreira e sair do comodismo em que se encontra desde que foi para a Globo, em 1996. Trabalhando desde criança e prestes a completar 44 anos, a apresentadora poderia já se aposentar antes que a reforma da Previdência saia efetivamente do papel e que ninguém mais a ature na TV.

Leia também:
Sem encontrar seu lugar na Globo, Edu Sterblitch ganha programa no Multishow
“Na Record falo coisas que não poderia falar na Globo”, diz Fábio Porchat

Desde o último dia 6, ela voltou a comandar o “Video Game”, quadro dentro do “Video Show” que já tinha apresentado por dez anos, em que famosos participam de brincadeiras durante a semana. Além de não trazer nenhuma novidade exceto o cenário, a atração evidenciou algo que muita gente já tinha esquecido: como Angélica grita! Chega a ser torturante acompanhar os dez minutos do quadro sem baixar o volume da TV, já que a apresentadora parece esquecer que usa microfone.

Siga TV Ilimitada no Facebook, no Twitter e no Instagram

Ladeira abaixo

A audiência do “Estrelas” aos sábados não é mais a mesma há muito tempo. A emissora tentou salvar o programa, no ar desde 2006, criando outras versões, como o “Estrelas Solidárias” e o “Estrelas do Brasil”, atualmente exibido, mas já decretou que vai parar de produzi-lo em 2018, apostando em temporadas de outros produtos no horário que antecede o “Caldeirão do Huck”.

E não se trata de uma má fase: basta pegar a carreira dela na Globo e verificar que um mesmo problema se repete, por culpa da própria Angélica e da emissora – que lhe dá um formato de programa e o deixa no ar até ninguém aguentar mais para, só então, fazer reformulações.

Era assim, por exemplo, com as brincadeiras do “Angel Mix”, que a loira comandou por quatro anos assim que chegou ao canal, em 1996: previsíveis e repetitivas, só eram alteradas por novas brincadeiras quando o infantil começava a perder audiência para o desenho “Pokémon”, seu principal concorrente no horário.

O próprio “Video Game” pouco mudou na década em que ficou no ar, entre 2001 e 2011, e voltou igualzinho agora. Só que o momento é bem diferente daquele tempo, em que o “Video Show” reinava na liderança – nos últimos anos, em São Paulo, são constantes as derrotas para o quadro “A Hora da Venenosa”, do “Balanço Geral” da Record.

Casamento com Huck a deixou ainda mais acomodada

O casamento com Luciano Huck também tem parcela de responsabilidade no comodismo de Angélica. Dificilmente ela será demitida ou não terá o contrato renovado, pois a emissora acha interessante colocar o casal no ar no mesmo dia. O sucesso dele com sua versão “maquiada” do “Domingo Show”, da Record – explorando desgraças como Geraldo Luís, mas com o verniz global – acentua sua característica de ficar num mesmo projeto por muito tempo, sem a ambição de alçar novos voos.

Angélica não fez apenas os programas citados, claro – apresentou o “Fama”, entre 2002 e 2005 e teve incursões bem sucedidas como atriz na pele da fada Bela em “Caça-Talentos” (1996/98), “Flora Encantada” (1999) e na novela “Um Anjo Caiu do Céu”, além de outros pequenos trabalhos e participações em novelas e seriados. De repente, apostar no lado atriz a essa altura da vida a tiraria do marasmo em que se encontra.

Inicialmente, as três semanas de “revival” do “Video Game” servem para a Globo avaliar o que fazer com a apresentadora – se continua com a atração até ninguém suportar novamente ou se planeja um novo programa de auditório para ela. O fato é que a Globo não sabe o que fazer com Angélica e nem ela com o futuro de sua carreira, porém ambos não abrem mão um do outro por comodismo. Quem perde com isso é o telespectador, que recebe programas cansados, desgastados e desinteressantes para assistir.

(Imagens: Victor Pollak, Deborah Montenegro e Thiago Prado Neris /Globo)