Por Rafael Molica*

“Os diamantes são os melhores amigos de uma garota” já decretou o ícone de beleza e desejo Marilyn Monroe há mais de meio século. As cintilantes pedras preciosas se tornam o objetivo máximo de uma gangue feminina obstinada em “Oito Mulheres e Um Segredo”, longa-metragem com diversos significados em cartaz nos cinemas.

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Em uma mistura do glamour de “Sex and The City” com os artifícios de “007“, Debbie Ocean (Sandra Bullock) reúne comparsas para roubar um colar avaliado em US$ 150 milhões que se exibe no pescoço da atriz Daphne Kluger (Anne Hathaway) driblando os olhares da segurança do MET Gala, baile anual oferecido pela editora da Vogue americana Anna Wintour no Metropolitan Museum of Art, em Nova York. Gary Ross (diretor que divide o trabalho de roteirista com Olivia Milch) entrega o que se espera de um filme produto: diversão. Piadas a cada instante recheadas de referências, o requinte típico de um evento de moda e as reviravoltas nem sempre compromissadas com a realidade oferecem entretenimento para as salas de cinema.

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Indo um pouco mais a fundo, “Oito Mulheres e Um Segredo” é uma natural resposta a era #MeToo, que finalmente mudou os bastidores do cinema e tomou conta dos tapetes vermelhos das principais premiações em 2018, trazendo a público denúncias de assédio sexual durante as filmagens. Traz novo fôlego para a franquia “Onze Homens e Um Segredo” (1960) que ganhou remake e continuações ao longo do tempo com Onze Homens e Um Segredo (2001), “Doze Homens e Outro Segredo” (2004) e, por fim, “Treze Homens e Um Novo Segredo” (2007).

Por aqui, são elas que dão as cartas em um trabalho que reúne grandes estrelas. Assim como Sandra – irmã de Danny, personagem de George Clooney nos outros filmes -, Cate Blanchett comprova seu brilho próprio a cada cena em que aparece. Anne está de volta ao glamour de “O Diabo Veste Prada” (2006), mas na pele de uma incomum personagem antipática para sua carreira. Helena Bonham Carter entrega uma estilista excêntrica feita sob medida para ela mesma. Sarah Paulson, Awkwafina, Mindy Kaling e a popstar Rihanna, novamente se mostrando mais assertiva na música do que na atuação, completam o elenco com ainda mais força e diversidade.

Novos tempos

Os novos ares assopraram para atrás das câmeras. Em entrevista à Ellen DeGeneres, Anne chamou a atenção ao falar sobre a pressão quando o assunto é padrão de beleza. “Quando cheguei no set, estava um pouco acima do meu peso normal e estava ciente disso… Estava com meu jeans e fiz o meu melhor: ‘Vou me amar, não importa o que’. Sandra Bullock olhou para mim e disse: ‘Você está ótima, mamãe!’ e Rihanna logo disse: ‘Garota, você tem um bundão'”. Já durante sua participação no programa “Today Show”, a atriz relatou que as tomadas eram interrompidas pelas colegas de elenco para que ela pudesse retirar leite materno para amamentar seu filho Jonathan.

Como se não bastasse, “Oito Mulheres e Um Segredo” traz mais uma vez, e esperamos que tal onda persista, protagonistas que não rivalizam entre si por um cara, mas que se complementam em prol da realização de seus sonhos – algo já experimentado por estúdios como a Disney em “A Princesa e o Sapo” e “Frozen – Uma Aventura Congelante”, por exemplo. “Em algum lugar há uma garotinha que sonha em ser uma criminosa”, diz Debbie. Brincadeiras referentes a trambicagem à parte, em algum lugar há uma garotinha que sonha em ser vista e celebrada. Marilyn ficaria orgulhosa.

Assista ao trailer de “Oito Mulheres e Um Segredo”:

(*colaborador. Imagens: Divulgação)